Oly Jr.
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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010




"Peleia"...

Buenas!!

Se instalou uma polêmica desde o dia 25 de janeiro de 2010 envolvendo o músico/compositor Nei Lisboa e os defensores do Movimento Tradicionalista. Podem procurar no Google se quiserem ou acharem que vale a pena se interar do assunto.

Achei interessante a discussão (essa discussão não é nova e não vai parar por aqui) e resolvi escrever meu ponto de vista e me pronunciar sobre o assunto. Como um exercício comigo mesmo a respeito dos conceitos e preconceitos que estão incorporados na minha corrente sanguinea.
Manifesto tardio, pois tava na praia e ainda tô sem internet em casa, mas tô voltando ao mundo.

Bom, o fato é que o Nei fez um infeliz comentário pessoal sobre a música tradicionalista e especificamente a música de Teixeirinha.

Bah, mexeu em vespeiro (como se diz por aí)!! É um direito dele e é um direito daqueles que são contra, se pronunciarem também.

Já eu, concordo em partes com o pensamento do Nei e também acho que ele exagerou, e foi um pouco deselegante com a música de Teixeirinha, dizendo que era ruim, estética, ideológica e musicalmente. É uma visão pessoal, nada mais! E eu respeito!! E desde já, vamos deixar claro que é uma discussão ideológica, musicalmente falando. Pelo menos é pra ser! Só que alguns elevaram a polêmica num âmbito pessoal e preconceituosa.

Na real, os principais envolvidos, Nei Lisboa, César Oliveira, João de Almeida Neto e Giovani Grizotti, foram no mínimo instintivos nos seus pronunciamentos e se esqueceram de uma coisa importante, a condição artística da coisa!!

Eu particularmente concordo com o Nei quando ele diz que: "a música tradicionalista não o representa". E eu vou mais fundo. A música tradicionalista não representa o povo que nasceu e/ou mora no Rio Grande do Sul. Pelo menos nos últimos tempos.
É só ver o que se produz de música no estado. Nos guetos, nos bairros boêmios, burgueses, no interior do estado, nas regiões metropolitanas e etc.
É matemático!! Mas a música tradicionalisa representa uma parte da nossa sociedade que devemos respeitar e apoiar.
Todo mundo sabe que estamos num mundo globalizado e não cabe aqui discutirmos se é bom ou ruim! O fato é que muito dos estereótipos regionais já caíram por terra a muito tempo.
Então não podemos dizer piamente que um determinado contexto musical representa uma região ou que ele é ruim.

Devemos sim, cultivar fatores histórico e encara-los com o devido respeito, como fator histórico que é.
Por isso penso que o Movimeto Tradicionalista deve ser cultivado como uma forma de proteção a história do Rio Grande do Sul. O que não quer dizer que represente os costumes atuais do povo gaúcho. O próprio nome já diz: MOVIMENTO Tradicionalista. E um Movimento, até onde eu sei, baseia-se basicamente por dois fatores: pela natureza da classe social que emergem e pelo seu caráter de luta – transformador (reformista, reacionário, revolucionário) ou conservador.

No contexto musical, a coisa se torna mais abrangente.
A música muito mais que manifestação artística de uma região, é uma manifestação pessoal!
Não se aplica a meros fatores regionais.
O artista compõe a sua arte levando em consideração seu estado de espírito, vivência, sonhos, aptidão, gosto, política, acontecimentos, escola musical e infinitas influências.

Não venham me dizer que eu não faço música gaúcha e com aquele papo furado de que quem não faz música tradicionalista não dá valor a sua origem e blá blá blá...
E também não venham me dizer que a música tradicionalista é arcaica e não se renova, que é ruim e pobre, que é intragável...
Quando se generaliza uma coisa a tendência é não formar conceito e sim desmoraliza-los.

Vamos se respeitar gurizada!!

Dá pena de ver o César Oliveira, baita artista por sinal, fazendo um discurso contra o preconceito com a música que exalta a tradição gaúcha e dizendo que "artistas de grande cunho intelectual, se assemelham-se a “morcegos”, pois somente os encontramos à noite circunscritos a uma área restrita em bairros tradicionalmente boêmios de nossa capital".
Preconceito é pouco.
Dá pena o João de Almeida Neto e o Giovani Grizotti tentando menosprezar a condição artística do Nei Lisboa assim como ele o fez a Teixeirinha. Tudo isso numa linha tênue entre o insulto e o "tapa de luva".
Pior que isso são as manifestações no blog "Roda de Chimarrão" e no site da Zero Hora, misturando todo os tipos de sentimentos, desde o bairrismo à falta de informação com a cultura gaúcha.

Eu não sou o dono da verdade, não me considero intelectual no assunto histórico e tão pouco músico acadêmico a ponto de discutir os aspectos teóricos das canções nativas e populares.
Mas tive o privilégio de nascer em Porto Alegre, filho de um pai de Uruguaiana, mãe de Canoas.
Tive a felicidade de ter Barbosa Lessa em minha casa e ouvir dele aspectos históricos do nosso estado.
Tive a oportunidade de escutar uma infinidades de artistas e músicas de todas as partes do mundo.
Aprendi a tocar violão tendo o blues americano como ponto de partida.
Cresci ouvindo de Bebeto Alves à Rolling Stones, de Bob Dylan à Jayme Caetano, de Almôndegas à Beatles, de Nei Lisboa à Caetano Veloso, de Garotos da Rua à Barão Vermelho, de Julio Reny à Muddy Waters, de Lupicínio à Bezerra da Silva, de Elis Regina à Mercedez Sosa, de Vitor Ramil à León Gieco...
Gosto de chimarrão, coca-cola, cerveja, whiskey, como churrasco, massa, cuca, pizza, uso alpargata, tênis, bota, chapéu, boné, calça jeans, lenço, ando a cavalo, ando de bicicleta, de carro, de ônibus, fui escoteiro, sei manusear um facão, uma caneta, fiz artes marciais, vejo filmes americanos e outros também, sei falar com educação e se for pra falar grosso também sei, entendo alguma coisa de inglês mas falo muito pouco, me saio melhor no espanhol, conheço várias culturas, uso a internet e o microondas e por aí vai...

Nenhum gaudério metido a grosso e nenhum espertinho cosmopolita vai tirar minha condição de gaúcho/brasileiro nascido na segunda metade do século 20 e presenciando a virada para o século 21.

E praqueles que se limitam na sua condição artística, aí vai um recado:

A MÚSICA TRANSCENDE A GEOGRAFIA.

O importante não é onde se faz e como se faz.
O que faz da condição artística um fator importante, é como ela interfere na sociedade como um todo!

Até...

3 comentários:

  1. Tchê, respeito o seu modo de pensar mas se todos os jovens pensarem como você, a tradição e os nossos costumes desaparecerão. Certo que aos poucos, talvez 5 anos, talvez 10, não se sabe. Participo de rodeios e festas campeiras toda semana e o numero de jovens que cultivam nossa tradição cresce a cada dia. Como sempre digo, onde há jovens e crianças cultivando a tradição não há drogas. Isso é comprovado mesmo, não se admite no tradicionalismo uma coisa dessas.
    Tche, deixa fortalecemos ainda mais nossa cultura, esses novos artistas que estao surgindo nos últimos 20 anos cantam pra juventude, educam mais que certos pais em casa e todos nós sentimos muito amor as nossas origens, como você.
    Grande quebra costela.
    E tenho dito.

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  2. Parabéns pelas indicações ao Açorianos!
    Que tu venhas com os braços cheios de troféus!
    Abração.

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  3. Oi Junior
    Pelo jeito não vou ser a primeira a te dar os parabens, mas sinceramente, tu deixou a gente com muito orgulho, afinal já fazem 25 anos que te conheci e me lembro daquele menino timido, que foi crescendo, crescendo (em todos os sentidos) e hj está aí, com estas 3 indicações e vendo que valeu a pena acreditar em ti, como sempre acreditamos.
    Pode contar com a nossa presença dia 28 de abril para te prestigiar (e com certeza o ambiente vai estar interessante ...).
    E, segundo a Bruna e o Erico, cunhado e ex cunhado são parentes, tu vai ter que me aguentar!
    Que tu continue sempre iluminado e cuide muito bem da Carla, que é uma pessoa maravilhosa, por quem nós temos um carinho especial.
    Bj
    Fernanda

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